domingo, 15 de março de 2009

Pedro Guedes Rolim











Minhas POESIAS
Em Defesa da Cultura Popular





























Rolim, Pedro Guedes
Minhas Poesias/Pedro Guedes Rolim - 2008
Aurora- CE
Gráfica:


























Minhas Poesias
em defesa da cultura popular
SUMÁRIO



Apresentação 05
Notas sobre o autor 06
Dedicatória 07


GÊNERO POPULAR

Coisas de doer 08
A Poesia chorou com a morte de Patativa 10
Saudosa foto 13
Meu Sertão 15
A volta de Jesus 17
O candidato 23
Quero passar novamente no caminho da
saudade 27
Mudança de pobre 30
“Tia Menta” 33
Não quero que os fiéis esqueçam
Frei Damião 35
Segunda-feira 37
A coisa pior do mundo 39
As vantagens do “Apagão” 41
Amor desfeito 43
A chuva 45
Mágoa de eleitor 47
Ociosidade 53


SONETOS

Efêmera dúvida 56
Só por hoje 57
Efeméride augustiana 58
Hellen Vitória 59
Apresentação


Conseguir fazer a transposição dos dilemas da existência humana na força bruta da rima, talhada numa linguagem crua, verdadeira, artística e literária, penetrando nos umbrais das fendas da alma, no tecido social, permeando os mais difíceis temas, desde a composição artística ao grito do íntimo do ser; de forma convincente, numa linguagem de plumagem escorregadia, rápida, viva, sublime, conduzindo o leitor a fazer uma revisão de suas atitudes; diante da passagem existencial, é para mim algo que só pude encontrar na linguagem poética do jovem Pedro Guedes Rolim, a força de sua poesia está no ponto iniciático da possibilidade de um novo ser, um novo caminho, uma nova luz!
O poeta dá o passo inicial, num encaixe de malabarismo lírico, onde consegue problematizar a nossa cultura, a nossa religiosidade e enfim no sopro efêmero do temporal da existência; os conflitos já não são conflitos, mas sim, referenciais para várias interpretações da rolagem do homem na bola azulada.
Ler Pedro Guedes Rolim é abrir uma cortina para desconstrução do homem velho para a construção do homem luz... O homem que tem responsabilidade para com o meio social em que vive, cada verso é um convite à mudança do velho para o novo, é navegar no oceano da cultura, mas não a cultura do conformismo, do estático, pois o poeta se lança nas linhas elásticas do “eu” poético e sobrevoa nos mais longínquos horizontes da imaginação, trazendo para o leitor a poesia ritmada, a rima polida, a poesia lapidar, a poesia lição de vida, a poesia arte.
Praza Deus, Pedro Guedes Rolim possa dar continuidade a este lirismo artístico literário, tão raro, tão nobre, tão caro, nesta tarefa tão árdua que é a de esculpir na alma humana a paisagem poética, bem delineada, bem torneada, versos precisos, luzes para uma vida. Luzes para um ser, luz para um novo mundo.
Parabéns, Pedro Guedes Rolim por semear de forma precisa a poesia do equilíbrio racional poético na engenharia da construção continuada da sociedade humana.


Luiz Domingos de Luna
Aurora /Maio, 2007.
Notas sobre o autor

Pedro Guedes Rolim nasceu no dia 04 de fevereiro de 1966. Natural de Cajazeiras, na Paraíba, chegou ao Ceará no ano de 1981 ainda muito jovem, com 14 anos de idade, fixou residência no Sítio Queimadas e posteriormente no Riacho Seco, Município de Barro-CE. No ano de 1983 aos 16 anos, ingressa no Seminário Nossa Senhora da Assunção de Cajazeiras-PB, sua terra natal, onde conclui o Ensino Médio, antigo Científico e ingressa, por sua vez no Curso de Filosofia em Maceió - Alagoas, isso em 1988. Foi neste ano que Pedro Guedes Rolim desistiu da caminhada sacerdotal, sem chegar a concluir o Curso de Filosofia. Já no Seminário Menor, em Cajazeiras, ainda conseguiu assumir algumas funções: Presidente do Grêmio Estudantil, Regente de Turma, (uma espécie de coordenador), chefe de liturgia e professor substituto, sobrando tempo ainda para catalogar várias poesias. Uma delas está neste compêndio, intitulada Efêmera Dúvida, deixando transparecer um pouco a sua indecisão em relação à vocação religiosa.
No ano de 1992, começa a trabalhar como radialista na Rádio Boa Esperança de Barro-CE. Em 1993, de volta a Cajazeiras, fica por um certo tempo na cidade, onde chega a assumir a função de auxiliar de redação na Rádio Difusora AM. No mesmo ano retorna ao Ceará, abraçando definitivamente a profissão de radialista, chegando a profissionalizar-se, depois de um bom período de serviços prestados no Rádio. Hoje é integrante do Sindicato dos Radialistas e Publicitários do Ceará. Mas, uma das coisas que mais gosta, é fazer poesias, aproveitando sempre os bons momentos de inspiração.
Sua poesia é simples, atrativa e de fácil assimilação. O autor segue a linha de poeta declamador, aquele que escreve e declama versos, sem ser necessariamente um poeta repentista. Pedro Guedes Rolim aos poucos, vem buscando o seu espaço na Cultura Regional. Pouco tem se apresentado em público, seus trabalhos têm sido divulgados especialmente no Rádio, contando com o apoio até então, dos colegas radialistas.
Outras divulgações também já foram feitas na imprensa escrita, com maior especialidade quando ele, no ano de 2002, foi um dos vencedores do Feserp, Festival Sertanejo de Poesia (Prêmio Augusto dos Anjos), realizado na cidade de Aparecida – PB, quando conseguiu ficar em 2º lugar, com o trabalho intitulado “A Poesia Chorou Com a Morte de Patativa”, concorrendo com outros poetas escritores de várias regiões do Brasil, isto porque, o Feserp é um evento realizado a nível nacional. O autor recebeu certificado de participação, troféu Augusto dos Anjos e título de menção honrosa.
As suas melhores poesias estão reunidas neste livro, a grande maioria surgidas em Aurora, onde reside atualmente, terra que é considerada como reveladora de talentos, onde adotou também este valoroso poeta popular que tem dado inegavelmente, a sua contribuição com a cultura local e regional.
DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus, pelo Dom da Poesia e inspiração para produzir estes versos. A minha esposa Hélia Pessoa pelo apoio e incentivo e nossa filha Hellen Vitória, uma das maiores bênçãos do Criador para nossas vidas.
Aos meus queridos pais José Alexandre e Cecília Guedes (In Memorian), que em vida souberam amar seus filhos e encaminhá-los para o bem. Enfim, a todos que colaboraram para a concretização deste sonho, meu muito obrigado!
INÍCIO
A poesia premiada de Pedro Guedes mostra também uma preocupação com os problemas sociais que afligem a nossa gente, como se observa neste trabalho.

Coisas de doer

Uma criança abandonada
Sem carinho, sem mesada
Vivendo só pra sofrer
Ficando sempre a mercê
De uma esmola de um adulto
Sujeita a qualquer insulto,
Isso é coisa de doer.

Um homem desempregado
Vivendo subestimado
Pela ganância do poder.
É triste o seu padecer
Vendo os filhos passar fome,
Sem posição e sem nome,
É coisa que faz doer.

Ouvir uma mãe chorando
Por justiça implorando
Vendo o seu filho morrer
Vítima do insano poder
De bandidos sem punição,
Dilacera o coração,
Até a alma faz doer.

Um pobre trabalhador
Que se empenha com fervor
No roçado pra colher.
Mas, depois não vê chover
Perdendo o investimento
Restando só o lamento,
Isso também faz doer.

Criar um filho querido
E depois dele crescido
Ele humilhar você,
Procurando sem envolver
Só com gente que não presta
Uma coisa como esta
Faz o coração doer.

Eleger um candidato
Que depois se torna ingrato
E vira as costas pra você,
Nunca pode lhe atender
Quando quiser falar com ele
Não espere nada dele
Porque é ruim de doer.

Uma seca no Nordeste
Forçar o “cabra da peste”
Ir embora sem saber
Como vai sobreviver
Com a família n’outro chão
Sem esperança, sem pão,
Isso muito faz doer.

Na porta de um hospital
Um enfermo passar mal
E ninguém pra atender
E depois que ele morrer
Ficar impune o culpado
Nem sequer ser processado,
É muita coisa pra doer.