domingo, 15 de março de 2009

O poeta se inspira com a volta das chuvas.

A chuva

Que coisa boa é a chuva,
Muda tudo no sertão
As plantas se alimentam
Das gotas que caem no chão
Vai se embora a tristeza
E o sertanejo planeja
Cuidar da sua plantação.

A galinha cacareja,
No terreiro faz ciscado
No chão mole do monturo
Que agora está molhado
Enquanto isso na latada
O caboclo bate a enxada
Para cuidar do roçado.

Forma logo um adjunto
Para avançar no trabalho
Olhando a paisagem verde
Coberta pelo orvalho
Pisando no solo bruto
Dando uma de astuto
Pra não haver atrapalho.

Um passarinho que canta
Na cabeça de uma estaca
Um bezerro se roçando
Querendo o peito da vaca
Lá longe a serra fumando
E o sertanejo notando
Que a colheita não é fraca.

Quando a chuva se ausenta
Do período invernoso
O sertanejo se aborrece
Começa a ficar nervoso
Mas quando ela aparece
A esperança se aquece
E tudo fica fabuloso.


O inverno quando vem
Traz um rio de bonança
O agricultor em seu roçado
Aumenta sua esperança
Planta a semente que tiver
E diz sorrindo pra mulher
Em Deus tenho confiança.

A chuva espanta a tristeza
Do caboclo do roçado
E quando o inverno pega
Fica todo animado
Escolhe só terra boa
E sem ligar conversa à toa
Aproveita o chão molhado.

Quem trabalha no inverno
E do roçado não tem medo
Colhe para o ano inteiro
Sem precisar de segredo
Mas quem muito se escora
Aí a chuva vai embora
E fica chupando o dedo.

Uma coisa que eu lamento
E não tem nenhuma graça
É quando se colhe a safra
Mostrando destreza e raça
Aí alguns de mau costume
Pega parte do legume
E vende pra beber cachaça.

Tem nêgo desmantelado
Que sempre acaba perdendo
Quando colhe o que planta
A metade já tá devendo
Nunca sai do atoleiro
Passa fome o ano inteiro
Mesmo no solo chovendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário